Família Riemma

Os Riemmas de que temos notícias vieram todos de Acerra, cidade próxima a Nápoles – Itália. E muitos descendentes dos fundadores da Famiglia Riemma ainda vivem nessa pacata e tradicional cidade. Dois irmãos, Costantino e Giovanni, filhos de Cuonângelo Riemma, emigraram para o Brasil no final do século 19 e criaram suas famílias na cidade de Monte Alto – São Paulo.

Costantino Riemma, nasceu em Acerra, 14.01.1877, e faleceu em São Paulo, 12.12.1938. Ele se casou com Maria Carrere, também imigrante italiana, nascida na região do Vêneto, 21.06.1890,  e falecida em São Paulo. Tiveram oito filhos, três homens — Ângelo, Arcênio e Neville  — e cinco mulheres: Rosa (que os sobrinhos chamavam de Tia Rosinha), Irma, Dolores, Dalila e Waldívia, todos eles nascidos em Monte Alto entre 1908 e 1925.

Costantino Riemma (de Acerra) e Maria Carreri (de Módena)
Costantino Riemma (de Acerra) e Maria Carrerre (do Vêneto)


Fratelli Riemma – a fábrica de macarrão

Na seção “Nossa Terra… Nossa gente…” do jornal de Monte Alto, em 10 de novembro de 1987, o artigo de Carlos Augusto Nunes (Guto), traz detalhes sobre as atividades dos irmãos João Riemma e Costantino Riemma. As fotos que intercalam o texto foram adicionadas na edição deste blog. Transcrevemos, abaixo, a íntegra do artigo.

No início do Século XX, no ano de 1900, o imigrante italiano Ângelo Riemma, viúvo de Rosa Petrela, com seus dois jovens filhos: Constantino Riemma e João Riemma, naturais de Acerra, Província de Nápoles, deixam a Itália, o país de nascimento, viajam cruzando o Oceano Atlântico no navio Andrea Dória, e mudam-se para o Brasil, terra da esperança, para iniciar urna nova vida, lavrando a terra como agricultores nos campos férteis da nossa Pátria.

Já no ano de 1901, residindo em Monte Alto, à Rua do Comércio, atual Rua Nhonhô Livramento, em um casarão, onde hoje é a Loja do Alemão e Agência do Banco Bandeirantes, a importante e tradicional família “Riemma”, como pioneiros na história de Monte Alto, instalam a “1ª Indústria da nossa cidade”, que foi a “Fábrica de Macarrão de Fratelli Riemma”, fundada no primeiro ano deste século.

A Primeira e pequena indústria de Monte Alto, pioneira na fabricação, encontrou muitas dificuldades, pois naquela época, não havia energia elétrica na cidade e as máquinas eram movidas por forças humanas e movimentadas por tração animal, isto porque não havia outros meios ou maneiras de movimentação.

Monte Alto e sua rua principal, Nhonhô Livramento, por volta de 1930.
Monte Alto e sua rua principal, Nhonhô Livramento, por volta de 1930.

Seguindo o caminho do progresso constante, os pioneiros, edificaram e construíram a sede própria da Fábrica de Macarrão Fratelli Riemma, na Rua Djalma Dutra, depois Caninos Salles e atualmente Rua Jeremias de Paula Eduardo, Centro, residência atual do Sr. João Caetano Riemma e sua irmã Profa. Genydes Riemma Pierre. No prédio maior, localizado nos fundos, foram instaladas novas máquinas movimentadas, então, por vapor de caldeira, isto até o dia 1 de janeiro de 1917, ocasião em que foi instalado em Monte Alto a Companhia Paulista de Força e Luz, fornecendo então energia elétrica para as residências e firmas comerciais e industriais.

O seu comércio floresceu em grande escala, sendo o seu produto vendido em Monte Alto, na zona rural, principalmente na Tabarana, nas cidades de Vista Alegre do Alto, Pirangi, Bebedouro, Monte Azul Paulista, Colina, etc., ressaltando que não tinha concorrência.

Apesar dos inúmeros obstáculos que surgiram, a indústria dos “Irmãos Riemma”, dirigida pelos dois abnegados imigrantes italianos já falecidos, auxiliados por seus próprios filhos, manteve-se em atividade por várias décadas. Ficou conhecida além fronteiras do município.

Mas lamentavelmente, por ocasião da “Segunda Grande Guerra Mundial”, em 1.940, com a participação do Brasil em favor aos “Aliados”, o país passou por muitas dificuldades, começou a vigorar o regime do racionamento dos principais produtos como: gasolina, açúcar e farinha de trigo, que eram controlados pela Prefeitura Municipal, para a distribuição e sobrevivência do povão.

Foto de Monte Alto entre 1930 e 1940.
Foto de Monte Alto entre 1930 e 1940.

Assim, a Farinha de Trigo, matéria prima primordial para a fabricação de “Macarrão”, Pão, Biscoitos, Bolachas, etc., foram racionados e controlados rigorosamente pelos órgãos governamentais. E em Monte Alto através da Prefeitura Municipal, que por sua conta fornecia e distribuía as cotas de farinhas para as padarias e para única Fábrica de Macarrão da cidade, que sem as contemplações necessárias e suficientes para a manutenção, viu-se obrigada forçosamente a encerrar suas atividades.

A tradicional Família Riemma, no Brasil, teve origem na cidade de Monte Alto, pois tanto Constantino como João, casaram-se e constituíram família e continuaram a residir na nossa cidade, onde nasceram todos os seus filhos. Constantino Riemma, nascido em 12-01-1884 e falecido em 12-12-1937, foi casado com Maria Carrere tendo os seguintes filhos: Ângelo, Rosinha, Irma, Arcenio, Dalila, Dolores, Nevile e Waldivia. João Riemma, nascido no dia 10-11-1887 e falecido em 31-07-1957, e que no dia 10-11-1987, comemora o “Centenário’ de Nascimento”, foi casado com Maria Barsalini, filha de João Barsalini e Domingas Pizani sendo seus filhos Cuonangelo, João Caetano, Genydes, Nelson, Benito e Wilma.

Reavivando a história de Monte Alto, parece-me oportuno, tomar a liberdade de sugerir ao ilustre do Chefe Executivo e à Câmara Municipal de Vereadores, para que se preste uma justa e merecida homenagem, a esses também dois valorosos pioneiros, implantadores da primeira indústria de nossa cidade, perpetuando dignamente suas memórias, com nomes em logradouros públicos de… “Constantino Riemma e João Riemma”.

Os filhos de Costantino Riemma e Maria Carrere

Costantino Rimma era filho de Cuono Salvatori Riemma (20.05.1841 – 21.03.1924)  (filho de Gaetano Riemma e Maria Carmina Gersone). Sua mãe foi Rosa Petrella  (01.01.1845 – 07.12.1885), filha de Vicenzo e de Giuseffa Pirolo).

O casamento de Costantino Riemma com Maria Carrere, gerou 8 filhos, todos nascidos na cidade de Monte Alto, no Estado de São Paulo.

Ângelo, o primogênito, faleceu aos 18 anos de idade.
Rosa, casada com Lido Piccinini, também descendente de italianos, não deixou descendentes.
Irma, casada com Jorge Ayres, faleceu em São Paulo, 12/06/1984. Tiveram dois filhos: Carlos Alberto Ayres e Oswaldo Ayres.
Arcenio, casado com Nelly Kairalla, faleceu em Taubaté, 28/03/1986. Tiveram oito filhos: Maria Amélia, José Constantino, Arcênio, João Luís, Orvile, Maria José, Regina e Waldomiro.
• Deliria, que todos conheciam por “Dalila”, solteira, faleceu em São Paulo.
Dolores, casada com Joaquim da Silva, faleceu em São Paulo, 19/06/2000. Tiveram dois filhos: Constantino José da Silva e Cirilo Riemma.
Neville, casado com Zilda Grellet, faleceu em São Paulo, 15/10/1995. Tiveram oito filhos: Constantino Inácio, Ângelo, Carmelita, João Maria, José Maria, Maria Teresa, Newman e Jackson.
Waldivia, casada com Jurn Philipson. Tiveram dois filhos: Fernando Riemma Philipson e Ivo Riemma Philipson.

Foto por ocasião do encontro de Natal de 1950, à Rua Wandenckolk, no Brás, onde residia Maria Carreri Riemmna com as filhas Dalila e Waldívia. Em pé, da esquerda para a direita: Jorge Ayres, marido de Irma; Joaquim Silva e a esposa Dolores; Irma com o filho Osvaldo; Rosinha, Vó Maria, Dalila e Nelly,esposa de Arcênio, com seu bebê Orvile no colo, Sentados: Cirilo, Arceninho, Constantino José “Teté”; Waldívia com o Carlos Alberto, e José Constantino “Tino”.
Foto por ocasião do encontro de Natal de 1950, à Rua Wandenckolk, no Brás,
onde residia Maria Carreri Riemmna com as filhas Dalila e Waldívia.
Em pé, da esquerda para a direita: Jorge Ayres, marido de Irma; Joaquim Silva e a esposa Dolores;
Irma com o filho Osvaldo; Rosinha, Vovó Maria, Dalila e Nelly, esposa de Arcênio, com seu bebê Orvile no colo,
Sentados: Cirilo, Arceninho, Constantino José “Teté”; Waldívia com o Carlos Alberto, e José Constantino “Tino”.


Casamentos multiculturais

O traço da cultura brasileira de dar bom acolhimento aos imigrantes facilita a integração entre as diferentes nacionalidades. Dentre os filhos de Costantino e Maria, apenas uma filha (Rosinha) se casou  com descendente de italiano (Lido). Os demais se ligaram a descendentes de árabes, portugueses e, Waldívia, a caçula, se casou com um judeu de nacionalidade holandesa.

Foto tirada casamento de Waldívia com Jurn (São Paulo, 1956). A terceira à esquerda, Dona Maria, a mãe da noiva com luvas e bolsa, está ladeada por parentes do Jurn. Ao centro, os noivos Waldivia e Jurn. À direita, Rosa, seu esposo Lido e Arcênio.
Foto tirada casamento de Waldívia com Jurn (São Paulo, 1956).
A terceira à esquerda, Dona Maria, a mãe da noiva com luvas e bolsa, está ladeada por parentes do Jurn.
Ao centro, os noivos Waldivia e Jurn. À direita, Dalila, Rosa, Lido e Arcênio.

Jurn concordou em se casar na Igreja Católica. Mas, em razão das praxes rituais de então, por ele ser de outra religião, a cerimônia não foi realizada no altar principal, mas na sacristia. Independentemente deste detalhe, a foto tirada ao lado da Igreja, mostra que estavam todos muito bem!

A respeito de situações como a da cerimônia religiosa do casamento de Waldivia-Jurn, José Constantino comenta que em algumas condições os ritos se tornaram mais ecumênicos, e dá um exemplo: “Quando Rose e eu nos casamos em 1985 na Igreja Nossa Senhora do Paraíso, templo católico de rito Melquita, os meus padrinhos foram  Charles e Júlia Gottschalk, amigos de ascendência judaica. Além disso, os nossos três filhos, André, João Paulo e Gregório, já haviam nascidos e estavam presentes à cerimônia!”